O vinho na história do mundo!
Conhecer e gostar de vinho, quase sempre, vai
significar aprender um pouco mais sobre história e geografia. Mesmo sem
perceber, as três coisas andam
juntas, sempre. Por vezes, o
vinho aparece como um produto simples, de uso abundante e popular. Outras vezes aparece como um produto nobre e reservado a ocasiões
especiais. Quanto ao seu modo de consumo, ao longo da história da
humanidade, aparece nas mais variadas formas.
1. Origem do
vinho
As vinhas já
eram plantadas desde pelo menos
7.000 a 5.000 anos a.C. Porém, desse período o que se tem são apenas
informações obtidas a partir de restos de vinhas encontradas em escavações ou
em ânforas. Algumas
delas, que conseguiram não se perder no tempo, se encontram armazenadas em
museus.
Do ponto de
vista histórico, sua origem precisa é impossível, pois o vinho nasceu antes da
escrita. Alguns arqueólogos acreditam que o vinho teria surgido na pré-história. Isso porque resquícios dos caroços de uvas foram encontradas em cavernas estudadas até os dias de hoje. Os enólogos dizem que a bebida surgiu por acaso, talvez por
um punhado de uvas amassadas esquecidas num recipiente, que sofreram
posteriormente os efeitos da fermentação.
2. Antigo
Egito
No período
do Antigo Império, o vinho foi elemento fundamental para os grandes banquetes
promovidos pelas classes sociais mais elevadas.
Já nesse período, o vinho era apresentado de forma ritualística sob a orientação de uma pessoa
que era conhecida como expert de vinho. Fabricavam ânforas e canecas
específicas para o consumo do mesmo. Geralmente as vinhas eram oferecidas aos
faraós que levavam mudas para suas tumbas.
Nas tumbas dos faraós foram encontradas pinturas retratando com detalhes várias etapas da elaboração do vinho.
Curiosidade: Os egípcios foram os primeiros a iniciarem o ritual de marcar as safras em suas garrafas, assim como localização do vinhedo de origem daquele vinho.
3. Povo
Hebraico
Já para os hebraicos
o vinho era um elemento de prioridade dos rituais religiosos. Seu consumo no
meio comum era orientado pelas leis
da Bíblia. Isso significa que os hebraicos estavam inclinados à
moderação e muitas vezes o vinho chegou a sofrer sérias restrições.
4. Fenícios
Para os
fenícios, por o vinho ser um produto de grande abundância e por estarem
localizados em terras tidas como férteis, a bebida era de alcance tanto dos
nobres quanto das classes menos abastadas.
Existem
indícios de que os fenícios já produziam vinhos no séc. XIV.
5. Cartago,
norte da África
Já em
Cartago, atual norte da África, o vinho aparecia como produto de fundamental
importância para as sociedades.
Ainda assim, era regido por leis reguladoras quanto ao consumo e qualidade, pois
alguns vinhos neste período ainda eram acrescidos de cal.
6. Gregos
Do mundo
grego, as evidências do vinho aparecem sempre associadas à mitologia, que tem
como representante maior Dionísio, o deus do vinho.
Daí
originam-se inúmeras lendas. O vinho aparece associado a “estados de
embriaguez”, condição esta para aproximação com o mundo divino.
Porém também
aqui o vinho sofre sanções e regulamentos com relação ao seu consumo.
Regulamentos estes que tinham como objetivo a preservação do status e a
diferenciação do “homem civilizado”.
Isto indica
que neste período começam a existir regras de consumo e mesmo a produção
orientada. Os gregos consideraram a bebida uma dádiva dos deuses.
7. Idade
Média
Na Idade
Média o vinho aparece representado principalmente pelos mosteiros, que o
produziam tanto para consumo próprio como para os que faziam uso de sua
hospitalidade.
8. Vinho
para franceses
Nos dias de
hoje pode-se encontrar o vinho como sinônimo de identidade de um povo. Esse é o caso da França, onde há vinho na mesa de todo o cidadão
francês.
Se
analisarmos com calma, o que distingue os franceses de outros povos é que os
povos bebem para se embriagar. Já na França, a embriaguez é somente
uma conseqüência, visto que o vinho é tido como alimento.
Para os
franceses o vinho também aparece associado ao descanso, caso do vinho
apresentado nas mesas ao lado do pão, que representa a nutrição.
Neste caso,
podemos reforçar o discurso do “saber beber” do francês, que usa de motivos
outros para o consumo do vinho.
9. Os Cristãos
Embasados
no Antigo Testamento, acreditam que foi Noé quem
plantou um vinhedo e com ele produziu o primeiro vinho do mundo ("E
começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha." Gênesis,
capítulo 9, versículo 20).
10. Os Romanos
Colhiam as
uvas o mais tardar possível, ou adotavam um antigo método, colhendo-as imaturas
e deixando-as no Sol para
secar e concentrar o açúcar. A
predileção da época era pelo vinho doce.
Diferente
dos gregos, que armazenavam a bebida em ânforas,
o processo romano de envelhecimento era moderno. O vinho era guardado em barris de
madeira, o que aprimorava o sabor do vinho (o mesmo ainda é feito no cultivo
das videiras ao sul da Itália e de Portugal).
11. A Igreja
O simbolismo
do vinho na liturgia católica não poderia ter enfoque maior: era o sangue
de Cristo.
A Igreja começou a se estabelecer como proprietária de extensos vinhedos nos
mosteiros das principais ordens religiosas da Europa. Os mosteiros eram
recantos de paz, onde o vinho era produzido para o sacramento da eucaristia e
para o próprio sustento dos monges. Importantes mosteiros franceses se
localizavam em Borgonha e Champagne, regiões que foram e são “nascentes” de vinhos de
qualidade.
12. Portugal
A primeira
referência existente ao consumo de esta bebida fermentada no território em que
hoje está localizado Portugal é de Estrabão (foi um historiador, geógrafo e filósofo grego),
que em sua obra, Geographia, observa que os habitantes do Noroeste da Península Ibérica já consumiam vinho,
embora de forma bárbara.
A primeira
referência à produção vinícola em Portugal é de 989, sendo a zona do Douro a
mais antiga região demarcada no mundo.
A história
do vinho no país vai além da fundação da nacionalidade. Considera-se
que a primeira vinha foi plantada na Península Ibérica (no vale do Tejo e no
vale do Sado) cerca de 2000 a.C, pelos Tartessos.
13. Brasil
A história
do vinho no Brasil inicia-se
com o descobrimento, em 1500, pelo navegador português Pedro Álvares Cabral. Relatos indicam
que as 13 caravelas que partiram de Portugal carregavam pelo menos
65 mil litros de vinho, para consumo dos marinheiros.
As primeiras
videiras foram introduzidas no Brasil por Martim Afonso de Sousa, em 1532, na capitania de São Vicente. As cultivares,
que posteriormente se espalhariam por outras regiões do Brasil, eram da
qualidade Vitis Vinifera (ou seja, adequadas para a produção de
vinho), oriundas de Portugal e da Espanha.
No mesmo
ano, o fundador da cidade de Santos, Brás Cubas,
foi o primeiro a tentar cultivar videiras de forma mais ordenada. No entanto, a tentativa precedente não obteve muito êxito.
14. Rio Grande do
Sul
As primeiras
videiras foram introduzidas pelos padres jesuítas ainda
em 1626,
posto que necessitavam do vinho para os rituais da missa católica. A introdução
de outras cultivares europeias no Rio Grande se deu com a chegada dos imigrantes alemães, que obtiveram bons
resultados.
A
viniviticultura gaúcha teve um grande impulso a partir de 1875, com a chegada
de imigrantes italianos, que aportaram com
videiras trazidas principalmente da região do Vêneto, assim como uma forte cultura de produção e consumo de vinhos.
Mas foi
somente a partir da década de 1990 que vinhos de maior qualidade passaram a ser
produzidos, com crescente profissionalização e a adaptação de uvas finas (Vitis Vinifera) ao clima peculiar da Serra Gaúcha. Hoje a região produz alguns dos vinhos mais reconhecidos do país.
De qualquer
maneira, o prazer que é o vinho como o conhecemos tem muitas histórias e hipóteses de
seu surgimento. Em qualquer uma delas, não deixa de existir o sabor misterioso
e agradável que os nossos vinhos preferidos têm!
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