Qual teria sido o vinho da última ceia?
Protagonista em
muitos trechos bíblicos, o vinho ainda é um forte símbolo do cristianismo. E se
em um exercício os aspectos religiosos fossem colocados de lado, e uma análise
focada na bebida crística, fosse feita. Quais seriam as preferências dos
consumidores de vinhos na época em que Jesus viveu?
Arqueólogos e
historiadores já encontraram provas substanciais de vinificação nas regiões que
Jesus teria percorrido. Para o arqueólogo Patrick McGovern, professor do Museu
de Arqueologia da Universidade da Pensilvânia, o vinho servido na Última Ceia
poderia ter sido muito semelhante ao Amarone de hoje, com base em evidências
existentes sobre as práticas de vinificação na área naquele momento histórico.
A literatura
sobrevivente diz que os vinhos locais da antiga Jerusalém e Judá foram
descritos como escuros e ricos. McGovern relata ainda que o vinho das terras
altas da Transjordânia central era notoriamente tão forte que “induzia o corpo
a pecar".
No Evangelho de Marcos, um vinho de mirra é oferecido
a Jesus depois que os soldados o vestiram e ele se recusa. A mirra e outras
resinas de árvores exóticas provavelmente teriam sido adicionadas aos vinhos do
período.
Segundo o
pesquisador, a ideia não era apenas encobrir os sinais de um vinho em
deterioração, embora isso fosse um incentivo adicional, mas, sim, manter os
vinhos por mais tempo e produzir novos e excitantes gostos para os paladares
cansados.
Outros pesquisadores também estão analisando
as características dos vinhos apreciados há 2.000 anos. Guy Bar-Oz, do
Instituto Zinman de Arqueologia da Universidade de Haifa de Israel, escolheu
uma abordagem mais técnica para a análise, e está investigando o DNA de restos
de sementes de uva para aprender mais sobre técnicas de vinificação no período.
A hipótese
inicial sobre vinhos antigos da região do Negev, no sul de Israel, é que eles
podem ter sido bastante poderosos; uma vez que uma característica da região é
grande insolação e salinidade do solo.
A fotossíntese elevada e a pressão osmótica
devido à salinidade do solo produzem uvas doces com grandes quantidades de
açúcar. Então, talvez a qualidade do vinho do Negev tenha sido obtida por seu
maior teor de álcool. É o que explica Bar-Oz, alertando que ainda é apenas uma
especulação; uma vez que a pesquisa ainda está em andamento.
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