As uvas e os vinhos de Vêneto!

por Sommelier Rodrigo Webber Drum
(parte do conteúdo públicado na Revista Terroir Boccati)



Localizada ao nordeste da Itália, a região do Vêneto pode ser considerada uma das principais regiões vitivinícolas da Itália. Esta região tem uma ligação especial com o Brasil, pois de lá vieram a maior parte dos imigrantes que ocuparam principalmente a Serra Gaúcha, trazendo consigo a tradição do cultivo da uva e a elaboração de vinhos. Suas principais cidades são: Veneza, Vicenza, Padova e Verona, esta última responsável pela maior parte da produção dos vinhos, totalizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros.
Pode-se dizer que nessa região, as principais uvas tintas cultivadas são: Corvina, Corvinone, Rondinella, que são as que predominam a composição dos Amarones Della Valpolicela. Outra uva que também é muito cultivada é a Merlot. Entre as uvas brancas as principais são: Glera (antes chamada Prosecco), Pinot Grigio, Trebbiano e Garganega. Atualmente o Vêneto conta com mais de quarenta denominações de origem. As principais e mais conhecidas são: Amarone della Valpolicella (DOCG), Valpolicella (DOC) Conegliano Valdobbiadene Prosecco (DOCG), Soave (DOC), Bardolino (DOC), entre outras.


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Entre as principais características e tipicidades da região do Vêneto, destacam-se as técnicas de vinificação utilizadas pelos seus produtores. A prática mais marcante é a técnica de desidratação das uvas, conhecida como apassimento. Essa técnica é utilizada para a produção dos vinhos ícones da região: o Amarone Della Valpolicela e o Recioto Della Valpolicella.
O vinho mais emblemático do Vêneto, o Amarone Della Valpolicella é um vinho peculiar. Produzido em uma região demarcada, utilizando castas específicas: Corvina, Corvinone, Rondinella e, em alguns casos, aceitando até 15% de outras variedades tintas autorizadas. Como citado acima, esse vinho é elaborado com uvas desidratas. Após a colheita, as uvas são armazenadas em prateleiras para serem, devidamente arejadas e com temperatura controlada, para desidratarem. Este é um processo que leva de 90 a 120 dias. Ao final desse período, as uvas chegam a perder entre 35% a 40% de seu peso, concentrando a riqueza e principais qualidades da uva. Isso resulta em um vinho encorpado, geralmente com grande graduação alcóolica e final muito macio.
Já o Recioto, outro famoso vinho do Vêneto, também é elaborado a partir de uvas desidratadas, utilizando as mesmas castas e produzido na mesma região. Porém, o resultado é um vinho diferente, pois na vinificação, as uvas são levemente prensadas e a fermentação é interrompida, ficando com maior residual de açúcar. Na taça é um vinho de sabor doce, de grande estrutura e concentração. É perfeito para harmonizar com sobremesas ou blue cheese.  


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Responsável por grande volume dos vinhos produzidos no Vêneto, o vinho Valpolicella normalmente é leve e modesto. É produzido na mesma região e com as mesmas uvas dos vinhos citados acima, porém, sem o processo de apassimento das uvas e pode ser classificado como Classico ou Superiore.
Há outro vinho que completa o time dos vinhos da Valpolicella, cujo método de produção também é diferente. Chamado Ripasso, nome que se origina do verbo repassar, o processo consiste em repassar por determinado período o que sobrou da prensagem das uvas utilizadas na produção do Amarone ou Recioto, com o vinho Valpolicella recém fermentado, extraindo mais cor, taninos e estrutura, originando assim o vinho Valpolicella Ripasso.
Além destes, os outros vinhos representativos dessa região são o Prosecco, o Bardolino e o Soave. O Prosecco é um dos espumantes mais famosos do mundo. A partir de 2009, Prosecco DOCG, passou ser uma denominação e a uva utilizada em sua elaboração é a Glera. Bardolino é um vinho tinto leve, feito com as uvas do Valpolicella mais a Negrara. Já o Soave é um delicado e elegante branco seco, produzido com a uva Garganega.


PARA SABER MAIS SOBRE ACESSE

REVISTA TERROIR BOCCATI

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