Descomplicando: Buscando a harmonização perfeita!
por Marcelo Weigl
(conteúdo publicado na Revista Terroir Boccati)
A cada dia descobrimos um novo
ingrediente, um novo vinho, ou até mesmo um novo motivo para celebrar. E, com
tantas opções, surgem as dúvidas... Como combinar os ingredientes para preparar
um prato especial? E com qual vinho harmonizar? Às vezes, acabamos complicando
algumas decisões e, por isso, a partir desta edição, iremos ajudar você a
DESCOMPLICAR!
Em geral, para uma harmonização perfeita
entre vinho e alimento, um deveria estar a serviço do outro, sem sobrepor-se. Quando
um prato está em perfeito equilíbrio é mais difícil de harmonizar com um vinho
pela complexidade de seus sabores. Pode soar estranho, mas na verdade é mais
fácil harmonizar com pratos que apresentem alguma característica mais marcante
como, por exemplo, uma carne bastante gordurosa, que então podemos equilibrar
harmonizando com um vinho mais tânico.
Para harmonizar, podemos considerar as
características do alimento e da bebida por analogia ou contraste e, ainda, existe
a opção de levarmos em conta a cultura da própria região para nos auxiliar. Tradicionalmente,
as harmonizações seguem muito a cultura de cada região.
Harmonizar por analogia costuma ser mais
fácil, por isso é o princípio mais utilizado nas cartas de vinhos em
restaurantes, além de ser o que mais agrada ao público. Na Argentina, por
exemplo, uma das principais combinações é entre a carne vermelha e o vinho
Malbec, um prato rico e de sabor prolongado, que necessita de um vinho de maior
corpo e longa persistência para equilibrar.
Já por contraste é um pouco mais
complexo, pois necessita de um conhecimento mais aprofundado a respeito dos resultados
de cada componente do prato e do vinho quando combinados entre eles. O ácido é
um componente que tende a neutralizar o sal, portanto uma comida salgada
harmoniza agradavelmente com um vinho mais ácido. Um exemplo, ainda que seja de
um local menos conhecido, mas com enogastronomia rica, seria a harmonização entre
os épicos Sauvignon Blancs (vinho ácido) da Nova Zelândia, que combinam com seus
típicos peixes e frutos do mar (prato salgado). Numa região que é mais quente e
necessita de uma harmonização mais delicada e leve. Também é possível ter harmonizações
de peixes com tintos mais ou menos encorpados, isso pode variar de acordo com o
estilo de cozimento do prato.
Harmonização
por Analogia
COMIDA - Consistência / VINHO - Corpo
COMIDA - Concentração / VINHO - Complexo
(assemblage)
COMIDA - Doce / VINHO - Doce
Harmonização
por Contraste
COMIDA - Gordurosa/oleosa / VINHO - Tanino/Ácido/Efervescente
COMIDA - Tendência
amarga / VINHO - Macio
COMIDA - Especiarias
Aromáticas Picantes / VINHO - Macio
aromático
CUIDADO: existem os famosos “inimigos da
degustação”, que podem influenciar negativamente ou mascarar sabores e aromas
em uma harmonização. Exemplos: o tabaco, por causar irritação e anestesia; a
pasta de dente, que causa desagradáveis sensações metálicas ao vinho; temperos
muito picantes ou bebidas muito alcoólicas que amortecem o paladar.
É importante levar em conta que cada um
de nós possui um paladar diferente e preferências pessoais. Degustar diferentes
pratos e bebidas irá nos auxiliar a criar uma memória sensitiva maior, além de
evoluirmos o nosso paladar. Não precisamos começar com comidas concentradas e
vinhos encorpados, devemos acostumar nosso paladar aos poucos, com
harmonizações mais leves no início.
DICA: sempre peça ajuda a um sommelier, profissional especializado em
harmonizações, que procura entender e conhecer as sensações provocadas pelos
componentes do alimento e do vinho.
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