Sobre Pisco, coquetel de uvas
Pisco: uma pendenga que se arrasta
A paternidade do Pisco, aguardente destilada de uvas Quebranta,
no Peru, e Moscatel, no Chile, é uma pendenga que se arrasta desde o século
XVI, protagonizada pelos dois países. Em sua defesa, peruanos alegam que a
palavra Pisco significa “pássaro” na língua quéchua, falada pelos incas antes
da chegada dos colonizadores ao país. Por outro lado, um pedacinho do que hoje
é o Chile já foi território peruano na época da colonização espanhola.
O Pisco Sour, coquetel preparado com quatro ou cinco partes
de Pisco, uma parte de suco de limão fresco, duas colheres de chá de açúcar e
uma colher de sobremesa de claras em neve, também é alvo da disputa. No livro
Lima, the city of kings (1926), o coquetel é creditado a Victor Morris,
proprietário do Morris’ Bar, que adaptou o Whisky Sour para o Peru, trocando o
uísque por Pisco. O Morris’ Bar tornou-se o bar mais visitado da época, e logo
o coquetel passou a ser servido nos famosos hotéis do país. Segundo os
chilenos, teria sido Eliott Stubb o criador do Whisky Sour, quando ao
desembarcar no porto de Iquique, no norte do Chile, em 1872, inaugurou um bar
e, para agradar seus clientes chilenos, fez a mesma substituição. Com isso, não
demorou muito para que o coquetel ficasse famoso. Dada a localização do bar, a
receita teria sido levada por marinheiros para outros portos ganhando fama e
reconhecimento.
De acordo com a Denominação de Origem e Patrimônio Nacional
de 1995, o Pisco pode ser:
- Puro: feito de uvas não aromáticas, como a Mollar ou a Quebranta;
- Aromático: elaborado com uvas aromáticas, como a Itália, a Albilla ou a Moscatel;
- Aromatizado: quando frutas como manga, limão e figo são adicionadas na destilação;
- Acholado: feito a partir da mistura de mostos de variedades distintas de uva;
- Mosto verde: resultante da destilação do mosto de fermentação incompleta.
Fonte: SALDANHA, Roberta Malta. Vinho: histórias, particularidades e seus destilados. 1. ed. Caxias do Sul: Boccati, 2014.
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