Os diferentes tipos de uva - Brancas

Entre os mistérios e atrações do vinho, encontra-se a incrível capacidade da uva de gerar aromas e sabores diferenciados. Assim, traduzem em vinhos diferentes as variações climáticas, as mudanças de solo, os manejos da cultura ou o implemento de técnicas enológicas diversas a que uma casta é submetida. Por isso, certamente, um Chardonnay de clima frio, por exemplo, será muito mais austero e menos frutado que um de clima quente. 
Essa variedade, perceptível pelos sentidos humanos, é responsável por tornar a degustação uma arte que consiste em identificar e descrever desde as mais tênues diferenças de aromas e sabores que se encontram em vinhos – tarefa que não é das mais fáceis. Para aqueles que estão começando a se  interessar pelo assunto, apresentamos algumas características das principais uvas viníferas.

Variedades brancas



Comuns: Niagara, Seibel, Seyve Willard, entre outras.
Viníferas: Alvarinho, Moscato, Chardonnay, Chenin Blanc, Colombard, Gewürztraminer, Glera, Macabeo, Malvasia de Cândia, Moscato, Parellada, Pinot Blanc, Pinot Gris, Riesling Itálica, Riesling Renana, Sauvignon Blanc, Sémillon, Torrontés, Trebbiano, Verdicchio, Viognier, entres outras.

Alvarinho (Albariño)

Atualmente é muito cultivada em Portugal, mas tem origem na Espanha. Seu vinho é amarelo-palha. Em boca é macio, redondo e persistente.
  • Aromas e sabores: aromas complexos, que variam de notas de marmelo a frutas como pêssego, limão e maracujá.

Chardonnay

A “soberana das uvas brancas” é responsável por vinhos ricos e bem-estruturados, cuja complexidade equipara-se aos oriundos da tinta de maior destaque: Cabernet Sauvignon.
A uva Chardonnay é originária da França, nas regiões de Borgonha e Champagne. Versátil, adaptou-se muito bem às regiões onde foi cultivada ao redor do mundo. Foi uma das viníferas brancas que melhor e mais rápido se adequaram ao Brasil. Essa uva pequena, redonda e ambarina torna-se transparente e suculenta ao amadurecer. O vinho branco resultante desse suco é o que melhor se beneficia da fermentação em barrica e do envelhecimento em carvalho, sendo, também, largamente utilizado para elaboração do vinho espumante. 
Dessa cepa resulta um vinho pleno, amanteigado, frutado e seco e, ao mesmo tempo, delicado e sutil. Uma vez que sua vinificação inclua tratamento em tonéis de carvalho, teremos um aroma de baunilha, macio e sem acidez agressiva. Quanto à coloração característica do vinho, podemos defini-lo como amarelo-palha-esverdeado tornando-se amarelo-ouro na medida em que envelhece.
  • Aromas e sabores: abacaxi, “balas toffee”, baunilha, especiarias, frutas cítricas, maçã, manteiga, mel, melão, minerais, pera e pêssego.

Chenin Blanc

Talvez a uva mais versátil do mundo, nativa de Pineau de la Loire, França, a partir dela se produzem vinhos brancos doces com acidez harmoniosa de grande longevidade.
  • Aromas e sabores: amêndoas, avelã, damasco, maçã verde, marzipan, mel e nozes.

Colombard

Essa cepa é tradicionalmente usada para preparar um vinho ácido e magro a ser destilado para produção de conhaque e Armagnac. No Sudoeste da França, também é transformada em um vinho de mesa leve, macio e frutado.
Uva muito cultivada na Califórnia, onde é chamada de Colombard francesa, é normalmente cortada com a Chenin Blanc para produzir vinhos de jarra.
Casta também popular nos climas quentes da Austrália e África do Sul. De modo geral, produz vinhos que devem ser consumidos jovens.
  • Aromas e sabores: especiarias e frutas.

Gewürztraminer

Com pequenos cachos em forma cônica que carregam bagas de cor rosa exuberante, essa uva, provinda da Alsácia (divisa da Alemanha com a França), é responsável por vinhos de coloração amarelo-palha, intensa e brilhante.
A Gewürztraminer é capaz de produzir uma variedade de vinhos que vai dos completamente secos (que acompanham pratos condimentados, como veremos a seguir) aos adocicados, feitos com uvas colhidas tardiamente (ideais para serem servidos após as refeições). Ambos são muito elegantes, destacando-se a parte aromática, marcada pelo perfume floral bem definido. Ainda no que se refere às características, merecem destaque o aspecto encorpado, o elevado teor alcoólico e a baixa acidez. De qualidade igualmente superior é a grappa elaborada a partir dos bagaços fermentados dessa uva.
Mesmo sendo uma variedade pouco produzida e de difícil cultivo, tem tido um relativo sucesso no Brasil, pois o vinho Gewürztraminer, além de muito original e sedutor, atinge frequentemente a excelência, com olfato e paladar extremamente aromáticos e de grande riqueza, muitas vezes chegando à exuberância. Ser suave ao olfato e seco ao paladar são duas especiais características especiais.
  • Aromas e sabores: abacaxi, especiarias (canela e gengibre), flores, grãos tostados e rosas.

Glera

De origem italiana é a uva de um dos espumantes mais famosos do mundo. Antigamente era denominada Prosecco, mas a partir de 2009, por lei, passou a se chamar Glera. Hoje, Prosecco é uma Denominação de Origem Controlada (DOC) e Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG) e, por medidas legais, se tornou proibida a utilização desse termo em qualquer produto produzido fora das regiões do Vêneto e Friuli.
  • Aromas e sabores: frutas cítricas, maçã, notas florais, pera e pêssego.

Macabeo (Viura)

Nascida na Espanha, é também conhecida como Viura. Assim como Parellada e Xarel-lo, faz parte da composição das Cavas.
  • Aromas e sabores: damasco, notas florais e pera.

Malvasia de Cândia

De origem grega, atualmente é cultivada em diversos países. Possui elevado teor de açúcar e pode produzir vinhos secos ou licorosos. É muito utilizada em Marsala, Porto Madeira e Vin Santo. Seus vinhos são muito perfumados e, em boca, apresentam doçura natural, bom corpo e maciez, sendo mais intensos no caso de vinhos licorosos.
  • Aromas e sabores: figo, flores brancas, manga e pêssego.

Moscato

Originária da Alemanha, é uma uva com elevado teor de açúcar e baixa acidez. No Brasil também são cultivadas variedades desta uva, as mais conhecidas são: Moscato Bianco, Moscato Giallo e Moscato Canelli, que dão origem ao famoso espumante Moscatel. Seus vinhos são de coloração amarelo-palha claro.
  • Aromas e sabores: açúcar mascavo, laranja, passas, pera, rosas e os da própria uva.

Parellada

De origem espanhola, produz vinhos com boa acidez e frescor, ótimos para acompanhar aperitivos. Assim como as uvas Macabeo e Xarel-lo, está presente na composição de um dos produtos mais importantes da Espanha: a Cava.


Pinot Blanc

É originária da Borgonha (França) devido a uma mutação da Pinot Noir. Seus generosos cachos, afunilados na forma e dourados na cor, resultam em mostos muito ricos em açúcares, sais, aldeídos e ésteres. Seu vinho é harmônico, equilibrado, macio, amarelo-palha, cristalino e muito aromático. Com tantas características especiais, é incluído, pelos especialistas, entre os três vinhos brancos mais perfeitos.
  • Aromas e sabores: amêndoas, anis, floral, limão, maçã verde e pera.

Pinot Gris (Pinot Grigio)

Nascida na França é muito cultivada em regiões como Alsácia e Nordeste da It[alia, onde é conhecida como Pinot Griglio. Acredita-se que esta cepa é uma mutação da uva tinta Pinot Noir, pois tem uma casca mais escura do que outras uvas brancas. Seu vinho é amarelo-palha claro, leve e muito fresco, característica essa, que vem tornando seu vinho cada vez mais popular. Em geral, deve ser consumido ainda jovem.
  • Aromas e sabores: flores brancas, frutas cítricas, limão e pera.

Riesling Itálica

Cepa nascida na Europa centro-oriental, mais precisamente, no Nordeste italiano. Pode-se dizer categoricamente que, entre as viníferas nobres, foi a que melhor se adaptou ao Brasil. Suas bagas são finas, brancas, e seu cacho bem consistente. O vinho Riesling Itálico normalmente é delicado devido ao seu caráter floral, sutil, seco, de coloração amarelo-esverdeada e sabor de frutas cítricas, menos encorpado, mas de bouquet pronunciado.
  • Aromas e sabores: flores brancas, laranja, maçã verde, marmelo, mel (vinhos doces), e pão torrado.

Riesling Renana

É a verdadeira Riesling germânica, tirolesa (Áustria) ou alsaciana (França) de origem. A Riesling Renana adaptou-se perfeitamente à Serra Gaúcha e adotou a cidadania brasileira, sem perder nenhuma de suas características.
Possui grãos pequenos e de baixa produtividade, mas de qualidade e riqueza insuperáveis. A podridão nobre, causada pelo fungo Botrytis cinerea, costuma atacar a casta, resultando, na maioria das vezes, em vinhos doces e ricos. Os vinhos feitos com essa uva têm um  envelhecimento longo, igualmente ao que ocorre com a Chardonnay, originando, assim, uma bebida de grande complexidade. O vinho produzido com a Riesling Renana, independentemente de sua origem ou idade, seja ele seco ou doce, é sempre frutado, com equilíbrio garantido por uma vívida acidez. Vale dizer que seus vinhos, brancos secos, têm aroma delicado e sutil, formado por uma mistura de acácia e flor de laranjeira, que deixam a boca perfumada e, nela, um retrogosto inesquecível.
  • Aromas e sabores: florais, laranja, maçã verde crocante, marmelo, mel (vinhos doces), notas minerais e tostado.

Sauvignon Blanc

A Sauvignon Blanc é originária de Bordeaux, França, onde geralmente é cortada com boa porcentagem de Sémillon para produzir brancos secos e doces (Sauternes). Atualmente, os melhores exemplares franceses vêm do Loire, vale a Noroeste da França, onde messa uva alcançou fama mundial. Nas duas mais notáveis appellations do vale do Loire, em Pouilly-Fumé e Sancerre, os solos graníticos e o clima continental permitem obter vinhos que exalam aromas minerais e um ligeiro defumado e brilham por seu frescor associado a uma acidez fantástica.
Essa importante vinífera, de cachos alados e cônicos e bagas ovaladas, ajustou-se de tal forma ao nosso país que tem sido produzida com qualidade e em quantidade. Vivos, refrescantes e bastante secos, os vinhos feitos com essa cepa têm personalidade forte. Em geral, os vinhos feitos são de corpo médio a leve, de cor amarelo-palha com reflexos esverdeados e moderado nível alcoólico.
Hoje, a tendência é balizada pelos Sauvignon Blanc da Nova Zelândia, que têm sabor frutado mais concentrado, mais corpo e cheios de complexidade aromáticas com grande presença de florais e sem a dureza mineral, característica característica dos vinhos do Loire. Nos locais quentes do Vale Central do Chile ou até em San Rafael, ao sul de Mendoza, os aromas se mostram mais maduros, próximos de maçãs vermelhas ou marmelo. No vale chileno de Casablanca, a influência do Oceano Pacífico permite que a Sauvignon Blanc ressalte seu lado mineral lembrando o vinho francês.
  • Aromas e sabores: aspargos verdes, ervas recém-cortadas, herbáceo, maracujá e melão maduro.

Sémillon

É utilizada em conjunto com a Sauvignon Blanc para produzir grandes brancos de Bordeaux. A Sémillon alcança seu ponto mais alto quando é cortada com o mais ácido e magro Sauvignon Blanc para fazer Sauternes, o mais nobre vinho branco doce da França. Os vinhos Sémillon são normalmente de corpo médio a encorpado, com baixa acidez e níveis alcoólicos de médios a altos e tem cor que varia do amarelo-palha ao amarelo-dourado intenso.
Como as cascas dessa cepa são finas e seus cachos, grandes e compactos, são altamente sensíveis à Botrytis cinérea, que ataca as cascas e concentra os açúcares do fruto, proporcionando um corpo particular e uma complexidade incrível. De fato, o vinho de sobremesa baseado no Sémillon é um dos mais agradáveis do mundo.
  • Aromas e sabores: casca de laranja, frutos tropicais, geleia, limão, maçã, pera, pêssego e pomelo.

Torrontés

Produzida quase que exclusivamente no norte da Argentina, pode ser considerada a uva branca mais emblemática desse país. Foi descoberta por acaso em Cafayate, após notarem algo diferente nessa cepa, que recebeu esse nome em meados do século XIX. Essa uva produz um vinho amarelo-palha muito caro, extremamente perfumado, leve e refrescante.
  • Aromas e sabores: ervas frescas (orégano), frutas cítricas, notas florais de rosas e jasmim e pêssego.

Trebbiano (Ugni Blanc)

É advinda provavelmente do Vale de Trebbia, na região da Emília-Romanha, Itália. A Trebbiano é a cepa branca mais cultivada na Itália e é usada para fazer os vinhos Orvieto, Soave e outros brancos italianos. Os vinhos feitos com a Trebbiano têm normalmente alta acidez, conteúdo alcoólico médio, sabores e aromas neutros e baixo teor de açúcar. Com frequência são cortados  com outras uvas, já que tendem a ser bastante leves de corpo e pouco estimulantes. Seus cachos são amarelo-esverdeados e com bagas grandes.
Na França o vinho é chamado de Ugni Blanc e é usado como base para a produção de Brandy, conhaque e Armagnac.
  • Aromas e sabores: cítricos e florais.

Verdicchio

Originária da Itália, cultivada desde os tempos do Império Romano, atualmente é muito cultivada na região de Marche. Vinho de coloração amarelo-palha com reflexos verdes. Normalmente com baixo teor alcoólico, corpo leve e acidez presente, que resulta em um belo frescor.
  • Aromas e sabores: delicados com notas de flores do campo, maçã e pêssego.

Viognier

Dessa cepa, surgida na França, são provenientes vinhos brancos de médio corpo e acidez moderada. Sua colaboração pode variar de amarelo-pálido ao amarelo-dourado. Em geral, devem ser consumidos jovens dentro de três anos, embora exemplares de grande qualidade possam envelhecer bem e melhorar com o tempo.
  • Aromas e sabores: bastante perfumado, seus aromas recordam damasco e pêssego.

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